Pesquisar este blog

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Arquitetura

Brasília, cidade inaugurada em 1960 e tombada em 1987 pela Unesco como patrimônio da humanidade, é um ícone da arquitetura moderna no Brasil. Lúcio Costa, com seu plano piloto, e Oscar Niemeyer, com seus monumentais prédios públicos, foram seus "pais fundadores" e ganharam, com a construção da cidade, consagração internacional.


A moderna arquitetura brasileira já tinha construído o edifício-sede do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro, considerado seu marco inaugural. O prédio recebeu reconhecimento internacional antes mesmo de sua inauguração em 1945, já que teria sido nele que, pela primeira vez, a doutrina e as soluções preconizadas por Le Corbusier tomaram corpo em sua feição monumental. Nele estavam presentes os "cinco pontos da arquitetura nova" propostos por Le Corbusier em 1926 - volume construído em pilotis, planta livre com estrutura independente, fachada livre, janelas dispostas na horizontal e terraço-jardim -, que constituíam os grandes parâmetros da chamada arquitetura moderna.


Lúcio Costa foi o principal responsável pelo projeto do Ministério da Educação e o chefe de uma equipe que contou com os arquitetos Carlos Leão, Jorge Machado Moreira e Affonso Eduardo Reidy, à qual se juntaram Oscar Niemeyer e Ernani Vasconcelos. Igualmente relevantes no processo de consagração da moderna arquitetura brasileira foram o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York em 1939, de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, e a exposição e o livro Brazil Builds, de 1943, que mostraram para os Estados Unidos e para o mundo a qualidade da arquitetura que então se fazia no país. A corrente moderna na arquitetura recebeu a chancela oficial, já que suas mais significativas expressões vieram por encomenda estatal: basta lembrar, além dos projetos citados, o da Pampulha, em Belo Horizonte, e coroando todos, o de Brasília.


Ao mesmo tempo que estava antenada com movimentos de vanguarda internacionais, a arquitetura moderna brasileira buscava apoio em referências do passado colonial, como o barroco mineiro. Os arquitetos modernos não apenas foram os principais autores de vários monumentos do Estado brasileiro, como influíram sobre o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), que definia o que devia ser considerado "monumento nacional" e, portanto, ser preservado. Criado por decreto presidencial em 30 de novembro de 1937, o Sphan foi, em sua origem, subordinado ao Ministério da Educação. Rodrigo Melo Franco de Andrade foi convidado por Gustavo Capanema para dirigi-lo e manteve, de 1937 até 1967, seu cargo de diretor do Patrimônio. O órgão veio a ser posteriormente Departamento, Instituto, Secretaria e, de novo, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como se chama atualmente.


Foi no espaço do Sphan que se deu a conexão entre os arquitetos modernos e os intelectuais mineiros. Foi Rodrigo Melo Franco de Andrade quem indicou Oscar Niemeyer a Juscelino Kubitschek quando este era prefeito de Belo Horizonte e quis projetar o novo bairro da Pampulha. Lúcio Costa, por sua vez, esteve à frente da Divisão de Estudos de Tombamento do Sphan de 1937 até se aposentar, em 1972. Enquanto projetava Brasília, a "cidade do futuro", o arquiteto e urbanista dava pareceres e definia o que devia ser integrado ao patrimônio nacional, ou seja, o que merecia representar simbolicamente a identidade e a memória da nação.





Nenhum comentário:

Postar um comentário