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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ABUSO.
Excesso de antibióticos pode engordar, indicam estudos.
Nova York, EUA. Há anos, pesquisadores têm estudado o uso desenfreado de antibióticos, o que levou à criação de bactérias ultrarresistentes - as chamadas superbactérias.
Atualmente, cientistas se concentram em um problema igualmente sério: o abuso de antibióticos também está contribuindo para o aumento nos índices de obesidade, alergias, doenças inflamatórias do intestino, asma e refluxo gastroesofágico.
Entre as pessoas que fazem o alerta está Martin Blaser, professor de microbiologia no centro médico Langone, na Universidade de Nova York. Em um comentário publicado em no "Journal Nature", ele explica que os antibióticos alteram permanentemente a flora microbial do corpo humano, também conhecida como o microbioma, e os médicos os receitam sem sequer se preocuparem com possíveis consequências futuras.
Segundo ele, o intestino humano contém bilhões de bactérias, mas os cientistas ainda sabem muito pouco sobre o ecossistema que vive dentro do órgão.
A Helicobacter pylori, por exemplo, é uma bactéria associada ao aumento do risco de úlceras e de câncer gástrico.
Em 1998, porém, Martin Blaser declarou em um estudo publicado no "British Medical Journal" que a H. pylori poderia não ser tão maléfica ao organismo. "Estamos falando de um bichinho presente no organismo humano há 58 mil anos", afirmou o médico. "Provavelmente há uma razão para isso".
O grupo de pesquisa do cientista, que estuda o sistema gástrico, descobriu que o estômago se comporta de forma diferente a partir de uma dose de antibióticos que erradique os residentes do tipo H. pylori.
Após uma refeição, os níveis de grelina, um hormônio da fome secretado no estômago, tendem a cair. Mas, em sujeitos que não mais possuem a população de H. pylori, a quantidade de grelina na corrente sanguínea permaneceu constante, sinalizando ao cérebro para continuar pedindo comida. Segundo cientistas, o uso abusivo de antibiótico pode ser a raiz do problema.
Yu Chen, epidemiologista da Universidade de Nova York, já encontrou correlações entre infecções de H. pylori e outras doenças, como asma infantil, rinite alérgica e alergias na pele em 7.600 participantes de uma pesquisa nacional realizada nos Estados Unidos.
Ganhador do Nobel concorda
Nova York, EUA. Ganhador do Nobel de Medicina em 2005 pela descoberta da H. pylori, Barry Marshall diz que pessoas com a flora desregulada pelo uso de antibióticos voltam ao equilíbrio rapidamente ao terem contato direto com outras pessoas.
Contudo, ele concorda com Martin Blaser sobre o uso excessivo de antibióticos e crê que, no futuro, bactérias modificadas poderão ser utilizadas no controle da obesidade e da asma. (KM/NYT)

CONSEQUÊNCIA
Maior risco de refluxo ligado à asma
Nova York. Em uma outra pesquisa, camundongos em um laboratório que receberam doses de antibióticos similares àquelas ministradas a crianças que apresentam infecções de ouvido ou garganta - quantidade suficientes para erradicar a H. pylori em muitos pacientes - tiveram um aumento no índice de gordura corporal apesar de suas dietas não terem sofrido mudanças.
Os resultados são parecidos com os encontrados por Peter Turnbaugh, geneticista da Universidade de Harvard que descobriu que as proporções de bactérias no intestino de camundongos e humanos obesos eram muito diferentes dos pares magros. A pesquisa indica que a alteração do equilíbrio microbiótico do estômago a partir de antibióticos aumenta o risco do ganho de peso.
Há indícios de que a eliminação da H. pylori aumenta o risco de refluxo gástrico associado à asma e a doenças do esôfago. Pesquisadores germânicos também já afirmaram que camundongos que receberam H. pylori foram protegidos contra a asma. (KM/NYT)

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