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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Estado e a Igreja.


Na velha dispensação, Igreja e Estado confundiam-se no amálgama teocrático
de Israel. A nação santa dos escolhidos contrastava-se com as nações profanas e delas
se isolava. O judeu acreditava que o mundo seria dominado pelo crescimento
vegetativo dos filhos da promessa, descendentes de Abraão. O proselitismo, em muitas
circunstâncias, foi politicamente necessário, mas não ideal. O prosélito naturalizado
jamais se compararia a um judeu natural. A “conversão” não lhe daria direito à raça,
não lhe mudava a condição nata de gentio, não lhe permitia acesso ao sacerdócio.
Israel, na verdade, era “eleito” com exclusividade. Isso limitava a catequese. Os judeus
não esperavam que as nações desaparecessem, deixando Israel como única no mundo,
mas que todos os povos submeter-se-iam aos seus domínios pela subordinação ao
cetro da dinastia davídica. Tal escatologia política, de caráter genuinamente temporal,
ruiu no Golgota pela crucificação do Messias, herdeiro de Daví. A cruz de Cristo
igualou, perante Deus, todos os povos. A igreja-estado da velha ordem cedeu lugar, na
nova dispensação, à Igreja coinônica, a “ekklesia”, eliminando o elemento racial e
estendendo a cidadania celeste a todos os regenerados de quaisquer nações, etnias e
línguas. O Estado é restritivo, pois aglomera cidadãos da mesma língua básica, dos
mesmos costumes, da mesma cultura e até das mesmas ideologias. A Igreja é
universal; seu corpo real aglutina pessoas de todas as etnias, culturas, sistemas
políticos e línguas em um Rei que, não somente governa o universo, mas gere também
os redimidos universais.

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